Médicos em greve de todos <br>exigem mudança na prática

SAÚDE Com a greve de ontem e hoje, os mé­dicos mos­tram ele­vado des­con­ten­ta­mento pela ac­tu­ação do Mi­nis­tério da Saúde e exigem me­didas para me­lhorar as con­di­ções de pres­tação de cui­dados à po­pu­lação.

Foi re­cla­mada a in­ter­venção po­lí­tica do pri­meiro-mi­nistro

Em hos­pi­tais e cen­tros de saúde, foi vi­sível, na manhã do pri­meiro dia de greve, o efeito da grande adesão dos mé­dicos à pa­ra­li­sação, de­ci­dida «face ao des­res­peito cres­cente e in­to­le­rável, por parte do Go­verno e Mi­nis­tério da Saúde, pela dig­ni­dade da pro­fissão mé­dica e na de­fesa do di­reito de todos os ci­da­dãos a um aten­di­mento de Saúde de Qua­li­dade». Os sin­di­catos da Fe­de­ração Na­ci­onal dos Mé­dicos (FNAM) ape­laram à luta «pela va­lo­ri­zação da pro­fissão mé­dica», «pelo res­peito para com os utentes», «pela saúde de todos».

Entre os ob­jec­tivos desta luta – cujo início foi pre­ce­dido, dia 9, pela des­lo­cação de uma de­le­gação da FNAM e do SIM à re­si­dência ofi­cial do pri­meiro-mi­nistro, ape­lando à in­ter­venção po­lí­tica deste – des­tacam-se:
res­peito in­te­gral da le­gis­lação la­boral mé­dica, aca­bando com as «vi­o­la­ções sis­te­má­ticas» quanto a des­canso com­pen­sa­tório e es­tru­tura de ho­rá­rios;
di­mi­nuição do tra­balho su­ple­mentar em ser­viço de ur­gência, das ac­tuais 200 horas anuais para 150, e a re­dução, para 12 horas, do li­mite se­manal de tra­balho em Ser­viço de Ur­gência dentro do ho­rário normal de tra­balho;
a di­mi­nuição pro­gres­siva das listas de utentes dos Mé­dicos de Fa­mília, dos ac­tuais 1900 para 1550;
anu­lação dos cortes no pa­ga­mento das horas su­ple­men­tares;
início ime­diato da re­visão da car­reira mé­dica e res­pec­tivas gre­lhas sa­la­riais;
di­mi­nuição da idade de re­forma.

A FNAM e os sin­di­catos exigem também a re­for­mu­lação dos in­cen­tivos para zonas e es­pe­ci­a­li­dades ca­ren­ci­adas; a atri­buição de in­cen­tivos às UCSP nos Cui­dados Pri­má­rios de Saúde e a anu­lação das quotas para a pas­sagem das USF de mo­delo A para mo­delo B; me­didas ime­di­atas para so­lu­ci­onar o pro­blema dos mé­dicos que não ti­veram acesso às vagas no In­ter­nato, no­me­a­da­mente um grupo ini­cial de 114 mé­dicos, alvo de avisos de des­pe­di­mento; a ex­tensão do re­gime de dis­po­ni­bi­li­dade per­ma­nente a todos os mé­dicos de Saúde Pú­blica; a aber­tura ime­diata dos con­cursos de pro­gressão na car­reira mé­dica; a re­visão ur­gente do en­qua­dra­mento legal do In­ter­nato Mé­dico e a re­de­fi­nição do re­gu­la­mento da pres­tação do tra­balho em Ser­viço de Ur­gência.
No dia 8, as prin­ci­pais or­ga­ni­za­ções re­pre­sen­ta­tivas de Mé­dicos (FNAM, SIM, Ordem dos Mé­dicos e ANMSP), «no se­gui­mento de re­co­men­dação do Fórum Mé­dico, de­ci­diram aban­donar a Co­missão de Re­forma da Saúde Pú­blica Na­ci­onal». A in­for­mação di­vul­gada pela fe­de­ração ex­plica que esta po­sição con­junta «foi mo­ti­vada pela forma in­cor­recta como os tra­ba­lhos da Co­missão vêm sendo con­du­zidos (o que, opor­tu­na­mente, mo­tivou de­nún­cias pú­blicas por parte destas es­tru­turas), pela ocul­tação de in­for­mação es­sen­cial ao bom an­da­mento dos tra­ba­lhos e cul­minou com o co­nhe­ci­mento da pro­posta de in­te­gração do Ins­ti­tuto Ri­cardo Jorge (INSA) na Uni­ver­si­dade Nova de Lisboa e na Uni­ver­si­dade do Porto da sua De­le­gação do Norte, pro­cesso con­du­zido à margem da Co­missão».

So­li­da­ri­e­dade da CGTP-IN

«Esta é uma greve que só tem lugar porque o Mi­nis­tério da Saúde não con­cre­tizou com­pro­missos an­te­ri­or­mente as­su­midos com as or­ga­ni­za­ções sin­di­cais e per­siste em ar­rastar no tempo as res­postas a pro­blemas que pre­cisam de ser tra­tados e re­sol­vidos agora», afirmou a CGTP-IN, no dia 9, num co­mu­ni­cado de im­prensa em que ma­ni­festou a sua so­li­da­ri­e­dade com a greve dos mé­dicos, uma «luta que é de todos, pela de­fesa do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde».
A con­fe­de­ração ob­servou que, «como este pro­cesso está a de­mons­trar, mais im­por­tante do que aquilo que se diz, é aquilo que se faz». Neste caso, «de­fender e re­forçar a ca­pa­ci­dade de res­posta do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde im­plica res­peitar e va­lo­rizar os pro­fis­si­o­nais da Saúde e me­lhorar as con­di­ções de acesso e aten­di­mento aos utentes».

 



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